sábado, fevereiro 22, 2003

Imagens soltas, como folhas de um Outono que desce das árvores amareladas, buscando energia e vida.
Ponto zero, estancado, o coração bate como riacho que murmura os cascalhos por que passa. Aqui e alí uma curva mais profunda, mais um pequeno deserto de areia límpida e clara, refletindo os raios do sol que desaba na tarde modorrenta e morna.
Vazio de espaço, inação total, imobilismo de tronco revirado pela enxurrada, um rodamoinho espiralado descentrado suga uma pequena mosca perdida de seu caminho, caída na tentação da refletida forma no espelho d'água que se lhe avizinha; escapa, retorna ao vôo e é engolida pela língua rápida de um sapo sonolento, gordo, de olhos bêbados, nelson-rodriguianos, que não coacha para engolir.
Adensa a corrente, escurece na sombra de um carvalho rotundo, o líquido cristalino.
Por baixo de folhas suspensas de ramos cambaleantes, de pequenas moitas, galhos que penduram a conta de um tempo que se lhes vergou.
Mais uma curva, mais uma reta e logo torna-se rio o simples regato que espreita a janela de um décimo andar, cercado por floresta de massas concretas, que refletem o Verão mordaz.