domingo, maio 28, 2006

Um dia em escanteio,
O sol acaba de desistir em teimar permanecer ardendo em tempos que não os seus.
Copacabana, a princesinha do Brasil, a maior calçada de trotoir, começa a acolher as meninas que descansaram após o almoço, se é que o tiveram nesse domingo parco de turistas em procura da descarga prazeirosa da energia que as férias permitem aos mais normais, principalmente quando bem longe de seus próprios lares, sentindo-se assim livres e travessos para perpetrarem as fantasias mais banais que suas mentes mantiveram sob imenso controle.

Na grande maioria das nações mais idosas, os seres comportam-se em público da maneira mais cordata e correta que seus códigos sociais estimulam.

O espaço público raramente é alvo dessas porcalhadas que se perfazem no Brasil quando do trato com a coisa e os seres públicos.
Lá as penas decorrentes dos desvios de comportamentos no que tange ao comum, ao coletivo, à ordem e à decencia são exemplares e, se não impedem, restringem bastante a chamada facilidade do desvio dos recursos e energias decorrentes das contribuições obrigatórias a que todos os cidadãos são obrigados para a manutenção da nação e o progresso de suas culturas e economias.

No que se refere ao privado, aí ocorre o inverso; no âmago de seus lares estabelecem os limites a que o Estado tem que se obrigar a aceitar, proteger e obedecer.

Não é por menos que em algumas naçõesd comunidades onde sequer a polícia e pode dar entrada sem ordens judiciais, obtidas a muito custo e com total e prévio conhecimento do interessado.

Um vizinho pode levar o outro às barras dos tribunais exatemente para que se respeite a integridade da propriedade de cada um e de sua vida particular.

Essa preocupação com o que é comum e a exigência do respeito para com o indivíduo é que exibem o alto grau de participação política dos cidadãos em seus municípios.

Viver em comunidade é um ato político sempre, pois é da mediação dos interesses, dos deveres e dos direitos que surge o resultado social que o grupo deseja.

No Brasil essa moda nunca pegou, pois desde os tempos das capitanias, ousar desobedecer e lutar por uma vida mais justa e correta sempre significou correr riscos sob a chibata dos senhores feudais, muitos ainda hoje dominando vastos territórios e gentes.

Basta ver es elites paulistas, mineiras, maranhenses- isto apenas para não nos aproximarmos do Acre ou do Amazonas.

Isso corroeu a sociedade brasileira e este traço da personalidade do comportamento público do brasileiro é o que canceriza a democracia através da corrupção em todos os setores da vida nacional.

O jeitinho é CORRUPÇÃO SEMPRE.

A política enoja, e assim os nojentos representantes dos lobbies mais elitistas do Brasil, perfazem seus papéis ignaros e é nesse mesmo tempo junino em que o Sol brilha que a cafajestagem congressual se prepara para mais um bote na massa ignorante que vota de quatro em quatro anos para todos esses nababos cargos, onde se ganha e se rouba, mesmo nem comparecendo ao trabalho.

Tal como os chefetes das quadrilhas em suas reclusões dos presídios, os políticos em sua grande maioria também enviam emissários para as tarapaças que pretendem realizar com o aval estúpido dos que neles votam.

Como dar um basta a isto: simples, não reelegendo nenhum político que tenha tido a coragem de ultrapassar o reduto mínimo em que essa eterna e ávida atividade deve ser mantida- o mínimo de decência que deva ser o resultado da fiscalização dos órgãos competentes: o Legislativo fiscaliza o Executivo e ambos devem ser vigiados e fiscalizados pelo Judiciário.

Ao assumir um mandato, um político tem noção dos riscos que corre se meter a mão em cumbuca estreita, mas os folgados palhaços dos colarinhos brancos, veteranos na agiotagem, na troca de favores, acumpliciamentos e roubos já são macacos velhos e vão de imediato ao pote do erário público para saldar as dívidas de campanha.

Consciente de que seu antecessor foi rejeitado e não obteve sucesso, o estímulo ao roubo e à corrupção percebido pelo novo mandatário é alvo de muito cuidado e com isso não só o volume diminui, como o tempo de aprendizagem é mais longo e árduo.

Mas nada disso interessa ao cidadão porco e imundo, que chafurda na mesma lama em que seu representante- esse é aquele vizinho, colega ou conhecido que arrota honestidades e alardeia censuras, mas que não tem nenhuma intenção de deixar de ganhar juros altos em seus investimentos bancários, mesmo sabendo que esses resultados só podem ser devidos à lavagem de dinheiro de origem e aplicação criminosas - e isso quer dizer dos mais diversos atores nesse palco BRASIL.

Ao se comprometer com um basta à corrupção é que o cidadão começa a exercer um de seus direitos mais importantes: FISCALIZAR TODOS OS FISCAIS E PUNIR OS CRIMINOSOS.

Através de seu voto impede o acesso desses malandros aos cofres dessa nação.